Recomenda a reintrodução da fiscalização da qualidade do ar interior, com a correspondente pesquisa da presença de colónias de Legionella, tal como previsto no Decreto-Lei nº 79/2006, de 4 de abril.

A Doença dos Legionários (Legionella) é uma infeção respiratória bacteriana grave originada pela bactéria Legionella Pneumophila, que provoca pneumonias, potencialmente mortais. O nome da doença remonta ao ano de 1976.Neste mesmo ano decorria um congresso em Filadélfia, onde 32 participantes encontraram a morte e 324 ficaram infetados.
Apesar da bactéria já ser, a esta altura, conhecida, este episódio suscitou um interesse acrescido sobre este microrganismo. Neste caso específico, a Legionella encontrou condições favoráveis ao desenvolvimento no sistema de ar condicionado que se encontrava na sala onde decorria o congresso.
Constituindo um importante problema de Saúde Pública, a Doença dos Legionários, pertence ao leque de patologias de declaração obrigatória (DDO). Nestes casos é importante ter em atenção todos os contactos que o paciente teve com outras pessoas, assim como o local em que possivelmente foi infetado.

Onde se encontra a bactéria
A Legionella tem como habitat natural reservatórios de água, como rios, lagos, nascentes, fontes hidrotermais e solos húmidos. A bactéria pode ser igualmente encontrada em sistemas artificiais de circulação de água como circuitos de água quente sanitária (chuveiros), circuitos de água fria para consumo humano, rega por aspersão, filtros de aparelhos de ar condicionado e suas condutas, sistemas de refrigeração, desumidificadores, nebulizadores e fontes decorativas.

Forma de transmissão
De acordo com informações das autoridades de saúde, a infeção transmite-se por via aérea, através da inalação de gotículas de águas contaminadas com a bactéria. A bactéria não se transmite através da ingestão de água contaminada nem se transmite de pessoa para pessoa O período de incubação da bactéria varia entre dois a dez dias.

Sintomas de infeção por Legionella
Os sintomas provocados pela Legionella são semelhantes aos de uma gripe forte, sendo os mais comuns febre alta, tosse, expetoração hemorrágica (eventualmente com sangue), diarreia, vómitos, dores de cabeça e musculares, arrepios, confusão mental e dificuldade respiratória.
A Legionella pode provocar o aparecimento de uma outra forma clínica (rara), conhecida por ‘ Febre de Pontiac’, uma infeção que se caracteriza pelo desenvolvimento de um quadro clínico semelhante ao anterior mas com menor intensidade. Esta forma de infeção por Legionella é mais ligeira, não levando à pneumonia ou acarretando complicações.

Formas de diagnóstico
O diagnóstico realiza-se através de análises sanguíneas e urinárias.

Grupos de Risco
Nem todos os indivíduos expostos à bactéria desenvolvem a doença. O sistema imunitário dos indivíduos saudáveis pode, eventualmente, combater a bactéria e não desenvolver infeção. O problema mais grave coloca-se, assim, quando os indivíduos debilitados (com sistema imunológico enfraquecido), entram em contacto com a bactéria e desenvolvem a infeção.
Tratamento
O tratamento faz-se através da administração de antibióticos. A terapêutica deve ser iniciada assim que haja suspeita de infeção, de forma empírica e ajustada consoante o resultado dos exames.

Como se pode prevenir
Uma vez que a Legionella é capaz de sobreviver, por longos períodos de tempo, em condições ambientais hostis, o ser humano corre um risco maior de ser exposto a este agente. Não sendo uma bactéria fácil de prevenir, é importante a revisão periódica dos sistemas de água e dos sistemas de refrigeração dos edifícios, locais apontados como sendo os focos mais comuns da infeção.
A principal estratégia de prevenção da doença do Legionário consiste em evitar o desenvolvimento de condições que favoreçam a multiplicação de bactérias Legionella, tais como:

-Colocar as entradas de ar novo longe de torres de arrefecimento de sistemas de condicionamento de ar,

-Evitar zonas de estagnação no sistema de distribuição de água quente e fria;

-Estabelecer protocolos de manutenção e desinfeção periódicas dos equipamentos que possam favorecer a multiplicação destas bactérias;

-Nos sistemas de distribuição de água, particularmente em grandes edifícios, e sobretudo nos que por razoes de planeamento interno, encerram parcial ou totalmente em determinados períodos, a temperatura deve manter-se entre valores que dificultem a multiplicação destes microrganismos (água quente superior a 50ºC e água fria inferior a 20ºC);

-Uso de máscaras apropriadas pelos trabalhadores que lidam com estas instalações e/ou são responsáveis pela sua manutenção.

A prevenção da contaminação dos sistemas de água não é apenas dever dos serviços de saúde publica, devendo ser preocupação de todas as entidades responsáveis por instalações e equipamentos de utilização pública e/ou profissional.
Após este preâmbulo, a Resolução da Assembleia da República nº55/2016, que recomenda a reintrodução da fiscalização da qualidade do ar interior, com a pesquisa da presença de colónias de Legionella, tal como o previsto no Decreto-Lei nº79 /2006, de 4 de abril, é sensata e impede a contaminação do público em geral e trabalhadores, bastando um controlo dos equipamentos.

Mais vale Prevenir….. Que Remediar…….

Graça Calisto

Secretária Geral da ACIP