Todos nós temos vivido meses árduos e difíceis de imaginar, consequência desta pandemia que assolou o mundo e, claro, atingiu também Portugal. Vivemos tempos de crise, com um mercado que se mantém em constante mudança, provocando novos desafios e muita pressão que, por vezes, leva à exaustão física e emocional.

Mas, por outro lado, há quem transforme estes desafios em oportunidades de sucesso, com empresas a terem capacidade de se reinventar. Como é que fazem isso? A resposta passa pela resiliência, que é a capacidade que o ser humano tem em se adaptar positivamente a situações adversas… a capacidade de emergir, ainda mais forte, em condições complicadas ou traumáticas. É isto que temos em cima da mesa neste momento, sendo que, em tempos de crise, a resiliência torna-se mais importante do que nunca.

E é assim, com resiliência, que a Panificação e a Pastelaria se tem reinventado: para não perder clientes e manter os seus funcionários, o sector procura alternativas, encontrando soluções na venda online e entregas ao domicílio. A tecnologia chegou às nossas vidas e veio para ficar, mudando a nossa maneira de comunicar. Nestes dias, a tecnologia, que antes prometia separar-nos e que agora encurtou as distâncias, permite efetuar encomendas e pagamentos mais seguros.

Para esta nova fase de retoma pós-covid, os empreendedores do nosso sector têm de seguir em frente, otimistas, mobilizados para uma tarefa difícil.

Assim, perante este momento especial que todos nós estamos a passar, a Revista “a padaria portuguesa” contactou algumas Padarias para que nos contassem como tiveram que se adaptar e alterar a sua forma de trabalho para seguirem em frente nesta batalha.

Padaria Dias – Tortosendo – Covilhã

“Resolvemos criar a nossa loja online para tentarmos chegar mais perto dos clientes que ficaram privados de virem comprar o Pão nas nossas instalações do Tortosendo e também com o intuito de minimizar as quebras de produção durante este período de pandemia.
A ideia surgiu quando vimos a publicidade da Puratos à “Bakeronline” e decidimos aproveitar, até porque durante o período experimental não trazia qualquer custo para a nossa empresa.
A adaptação foi super fácil porque a Puratos ajudou na criação da loja online e deu formação aos nossos colaboradores. Com a loja online pronta, começámos a fazer publicidade nas redes sociais, no boca a boca e num evento que já tínhamos planeado.
A loja funciona da seguinte maneira: os clientes fazem o registo na loja online e na primeira encomenda nós oferecemos 10% de desconto. Podem escolher os pedidos na lista que nós disponiblizamos e indicam nome, morada, número de telefone e hora que pretendem receber os produtos em casa sem qualquer custo (desde que seja nas nossas rotas). Também podem escolher o modo de pagamento e podem levantar também as encomendas nas nossas lojas da Covilhã ou em Tortosendo.
Já quanto ao resultado, ficou muito aquém das nossas expetativas e neste momento, com quase 1 mês desde que ficou disponível, ainda nao chegou às 30 encomendas.
A principal razão que apontamos para que isto
aconteça passa pela população da nossa zona que é muito envelhecida e não tem acesso às novas tecnologias. A Covilhã é, hoje em dia, uma cidade de estudantes e nesta altura foram para casa com as aulas suspensas. Estes seriam, talvez, os que poderiam ser os nossos potenciais clientes, já que na nossa zona, todas as padarias têm vendas ao domicílio, incluindo a nossa empresa.”

Atelier do Doce – Alfeizerão

“No início da pandemia, ficámos sem trabalho absolutamente nenhum, não tínhamos encomendas novas e as que estavam feitas foram canceladas, a Páscoa estava determinada a não ser a Páscoa que tanto nos faz falta para as contas anuais. Eis que ocorreu-nos a ideia de fazermos entregas ao domicílio do nosso Folar, 3 vezes premiado pela ACIP. A ideia foi bem recebida pelos clientes, amigos e conhecidos através do facebook e tornou-se num verdadeiro sucesso, dentro das possibilidades e limitações de rota. Depois, e aproveitando a dificuldade que as pessoas tinham em se deslocar entre concelhos, criámos um modo diferente para vender alguns dos nossos produtos, só aqueles que têm mais durabilidade e previamente embalados.
Esta ideia de criar uma Loja Online apareceu de uma forma natural, nada programada. Foi a própria situação do confinamento que nos levou para a única alternativa disponível para vender. Tivémos que nos adaptar a esta nova realidade, com muitas dificuldades, quer humanas, logísticas e de oferta de produtos.
Com um bom suporte para o apoio digital e com uma imagem forte, a nossa Loja Online tem muita procura por parte dos nossos clientes. Na verdade não nos podemos queixar, mas claro que no início tínhamos mais procura, quando estávamos em confinamento, agora as pessoas podem-se deslocar às lojas, compram menos on line. Este não é um negócio de rendimento imediato, é preciso ir cimentando a marca e fidelizar os clientes, e depende de muitos processos e estes têm de estar bem oleados.”

Conchinha Doce – Figueira da Foz

“Com a atual realidade do nosso sector, por causa da Covid-19, tivemos que fazer algumas adaptações para atender os clientes em segurança. Primeiro, começámos por marcar o chão, com os lugares onde os clientes devem ser atendidos.
Também colocámos acrílicos nas zonas onde ainda era possível o contacto com o cliente, de modo a prevenir qualquer tipo de contágio entre cliente e colaborador.
Foi também alterado o serviço de atendimento ao cliente. Este passou a levantar o seu pedido ao balcão e depois leva-o para a mesa. Depois dos clientes sairem, os nossos funcionários vão levantar e fazem logo a desinfeção das mesas.”

Padaria e Pastelaria Trigal – Águeda

“A Padaria e Pastelaria Trigal não encerrou ao público, apesar dos condicionamentos. Estivemos sempre na linha da frente, com uma equipa reduzida a 40%, sendo que a restante equipa ficou em regime de lay-off. Cumprimos sempre todas as exigências impostas pela DGS, comunicadas sempre pela ACIP. Neste momento temos uma barreira de acrílico a separar o balcão das mesas e continuamos com 50% da lotação. Quanto à recuperação, sabemos que vai ser lenta e, apesar dos 3 meses de elevado prejuízo, não vamos desistir. Vamos conti-nuar a fazer aquilo que mais gostamos… Vai ficar tudo bem!”

Vermoinho 2 -Maia

“Em primeiro lugar focámo-nos sempre na segurança tanto do cliente, como também dos nossos colaboradores. A partir desse foco colocámos barreiras para o atendimento com o devido distanciamento de segurança, divisórias físicas nas mesas internas do estabelecimento e aumentámos o espaçamento nas mesas da explanada.
Tanto no fabrico como no balcão usamos todos máscaras e, em certos lugares, também luvas, para haver o menor risco de contágio possível.
Utilizamos sempre desinfetante para limpar as mesas que os clientes usam. Temos também desinfetante na entrada para que o cliente possa usar, etc… basicamente o uso do desinfetante é
constante.”

Emanha Geladaria – Figueira da Foz

“A Emanha, já com mais de 40 anos de história, esteve sempre na vanguarda no que diz respeito à organização, qualidade, higiene e segurança, quer nos processos de fabrico como na satisfação dos seus clientes.
A pandemia que assolou o país e o mundo culminou, à semelhança de tantas outras empresas ao abrigo do estado de emergência decretado pelo governo, com o encerramento de portas da
Emanha entre 18 de março e 24 de maio. Neste período, aproveitámos para pensar e projetar as
nossas instalações para uma nova realidade e, ao mesmo tempo, pensar num conjunto de procedimentos alicerçado nas recomendações da DGS, para os nossos colaboradores e clientes.
As adaptações ao nível do layout tiveram grande impacto ao impedir a concentração de clientes dentro dos estabelecimentos. A redução de lugares sentados a menos de 50%, a colocação de marcas de separação nas passagens, as barreiras de proteção entre clientes sentados e clientes em pé, as informações facilitadoras afixadas, as alterações das saídas, foram algumas das medidas implementadas que muito contribuíram para esse facto.
Ao nível da organização, a colocação de desinfetantes para mãos e pés à entra e à saída, a introdução de máquinas de pagamento automático que diminuem o contacto com o dinheiro e a contratação de
seguranças que facilitam o processo de distanciamento social são também uma mais-valia.
O atendimento teve uma nova face com a introdução das máscaras e adicionou mais alguns cuidados àqueles que já implementava: a desinfeção de instrumentos e equipamentos, do mobiliário de contacto com os clientes e das
instalações sanitárias.
O processo de fabrico sofreu poucas alterações. A rigidez das normas internas de higiene e limpeza foram complementadas com o uso de material de proteção individual acrescido da diminuição de intervalos de desinfeção da fábrica.”