Os padeiros continuam a trabalhar, de dia e de noite, por todo o país, amassando e cozendo, para que o Pão nunca falte na mesa dos portugueses, em dias de Estado de Emergência. Assim, perante este momento especial que todos nós estamos a passar a nível mundial com a Pandemia de Covid-19, a Revista “a padaria portuguesa” contactou algumas Padarias para que nos contassem como tiveram que se adaptar e alterar a sua forma de trabalho para seguirem em frente nesta batalha.

Padaria Queen – S. João da Madeira

“Com o surgimento do Covid-19 fizemos algumas adaptações para atender os clientes com segurança. Desde logo começámos por marcar o chão, com os lugares onde os clientes devem ser atendidos.
Também colocámos acrílicos nas zonas onde ainda era possível o contacto com o cliente, de modo a prevenir qualquer tipo de contágio entre cliente e colaborador. Os nossos colaboradores usam máscara ou viseira e luvas.”

Padaria Dias – Tortosendo – Covilhã

“Os Padeiros estão a viver um dia de cada vez nesta situação nova e totalmente inesperada para todos. Aqui na nossa padaria, tivemos de nos readaptar às circunstâncias , mudando e reforçando os hábitos de higiene e segurança pessoal para nos protegermos e proteger também os nossos clientes.Alterámos ainda horários e processos de fabrico, retirámos algumas referências da produção para simplificar processos e reaproveitar a mão de obra para vendas ao domicílio.
Nos balcões, colocámos proteções e retirámos mesas. Fechámos ainda as esplanadas para acabar com os aglomerados de pessoas. Em relação às compras de matérias-primas de pastelaria, também redu-zimos muito a aquisição, comprando apenas o essencial para não ter produtos fora de validade.”

Pastelaria Caravela – Viana do Castelo

“Resistência, é o nosso movimento do dia-a-dia como padeiros em Viana do Castelo. Nas primeiras horas do dia olhamos para os mapas de produção diária e sentimos a cooperação mental das vozes vindas do rádio a dizer que vamos todos ficar bem, apesar de não sabermos se, quando esta situação passar, vamos ter condições de manter todos os nossos balcões em funcionamento. De 6 padeiros estão 2 a trabalhar como medida de prevenção de redução de contaminação cruzada.
É a resistência que nos mantém mentalmente preparados para que das nossas mãos se faça pão e é através da resistência que nestes poucos momentos deste trabalho artesanal nos esqueçamos do desespero e nos mantenhamos centrados no controlo das higienizações, temperaturas das massas e cronometragem das cozeduras… Para que possamos dar com confiança aos nossos colegas dos balcões este bem tão essencial que é o pão. Assim, mostramos imagens breves do nosso dia-a-dia no fabrico e sem contacto com os balcões.”

Pão Alentejano – Costa, Esperança, Dias & João, Lda. – Mértola

“Infelizmente teve que ser uma doença pandémica para mostrar ao mundo que a SOCIEDADE é mesmo a SOCIEDADE… não há diferenças no sistema imunitário entre um médico e um pedreiro… entre um advogado e um padeiro… etc… fazemos todos parte da SOCIEDADE, não existiríamos uns sem os outros.
Na nossa empresa o que fizemos para tentar enfrentar esta fase da melhor maneira foi reforçar as medidas de higiene, fazendo a desinfestação de toda a empresa e sensibilizando os nossos colaboradores para o impacto que este vírus poderia ter se entrasse nas nossas instalações.
No que diz respeito à produção em si, não registamos grandes quebras, penso que isto seja comum em quase todos os bens de primeira necessidade. Notamos que em meios mais isolados, as encomendas aumentaram, as pessoas dão prioridade à distribuição de porta em porta, ao invés de se deslocarem aos supermercados. Achamos que as pessoas, a grande parte delas, estão a ter um comportamento
exemplar que nos vai ajudar a TODOS a sair mais depressa dessa malograda pandemia.”

Pastelarias Vénus e Moinho Velho – Coimbra

“Perante o Estado de Emergência que o nosso País está a atravessar, devido à pandemia de COVID-19, estamos a viver o nosso dia-a-dia com apreensão em relação ao futuro, porque quanto mais tempo durar esta “crise pandémica”, mais difícil será recuperar vendas e manter postos de trabalho.
As Pastelarias Vénus e o Moinho Velho disponibilizam diariamente produtos de padaria, pastela-ria e, também, almoços. E, apesar de as vendas de pão se terem mantido, sofremos fortes quebras nas vendas de produtos de pastelaria e refeições.
Para fazer face a esta situação tivemos que nos adaptar. Implementámos um conjunto alargado de medidas de segurança e higiene de forma a prevenir o contagio e o atendimento ao público passou a ser feito através de postigo e apenas para take-away. Além disso, com o objetivo de mitigar os prejuízos que esta crise está a provocar fortalecemos as nossas parcerias com empresas de entregas ao domicílio, passámos a disponibilizar jantares e recorremos ao “Lay-off Simplificado”.

Panificadora do Areeiro – Lisboa

“A nossa empresa está a ser gravemente penalizada com a pandemia do Covid-19. Pois a empresa tem 95% a 98% dos clientes fechados, incluindo grandes hotéis e muitos restaurantes. Nas lojas de venda ao público estamos a trabalhar a 70% com o atendimento à porta efetuado à vez. Na parte do fabrico dividimos o pessoal por 2 equipas.”

Atelier do Doce – Alfeizerão

“No início da pandemia, ficámos sem trabalho absolutamente nenhum, não tínhamos encomendas novas e as que estavam feitas foram canceladas. A Páscoa estava determinada a não ser a Páscoa que tanto nos faz falta para as contas anuais. Eis que ocorreu-nos a ideia de fazermos entregas ao domicílio do nosso Folar, três vezes premiado pela ACIP. A ideia foi bem recebida pelos clientes, amigos e conhecidos através do facebook e tornou-se num verdadeiro sucesso, dentro das possibilidades e limitações de rota. Agora criamos um modo diferente para vender alguns dos nossos produtos, só aqueles que têm mais durabilidade e previamente embalados. Provavelmente, mesmo após a pandemia passar, iremos continuar a vertente ”ao domicílio”.
A nossa loja sempre funcionou mais para take away, mas é claro que tivemos de reinventar as condições de controlo, segurança e higiene do espaço e retirámos as poucas mesas que tínhamos.
Até podermos e termos saúde, vamos lutando pela sobrevivência”.